“Nós poderíamos dizer que o candidato nos censurou?”, questiona o jornalista Juremir Machado da Silva ao final de uma entrevista, na manhã desta terça-feira (23), no programa Bom Dia com Rogério Mendelski, na Rádio Guaíba. A entrevista foi conduzida pelo apresentador com o candidato à Presidência Jair Bolosnaro (PSL).
O âncora do programa, Rogério Mendelski é velho conhecido dos gaúchos, um neonazista que sobrevive às custas de um jornalismo podre e mercenário.
Juremir e outros dois jornalistas, Jurandir Soares e Voltaire Porto, acompanharam os questionamentos e as declarações do presidenciável – mas foram impedidos de se manifestar. Segundo Mendelski, ao longo da conversa por telefone, Bolsonaro não soube da presença de outros jornalistas no estúdio. No entanto, ele admitiu a existência de um pedido prévio. “O silêncio de vocês foi uma condição do candidato”, afirmou Mendelski. O apresentador também disse que o programa “quase conseguiu entrevistar [o candidato Fernando] Haddad (PT)”, mas que a conversa não se concretizou por conflitos de agenda. “Ele disse que falaria somente comigo. Não tem censura”, respondeu Mendelski, após o comentário de Juremir.
A Rádio Guaíba pertence à Rede Record, do bispo estelionatário Edir Macedo, apoiador de Bolsonaro. No dia 13 de outubro, o site de notícias Intercept Brasil publicou o relato de um funcionário do portal R7, também de propriedade de Edir Macedo, que denuncia censura e direcionamento na cobertura das eleições para publicar apenas notícias que favoreçam o candidato do PSL. Desde então, o The Intercept afrima que o império midiático do religioso vem tentando intimidar jornalistas do site.