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Compas, quando voltamos nossos olhos para a Espanha, não é por saudosismo, mas é por acreditarmos nos aspectos dinâmicos da história – naquilo que consolida ações e práticas. A Federação Anarquista Ibérica sempre teve papel de assegurar que os princípios anarquistas estivessem presentes e garantidos na CNT, que no período pré-revolucionário agregava milhares de trabalhadorxs. O fascismo irrompia vertiginosamente na Itália e Espanha, na Alemanha Hiltler articulava o nazismo.
Trago esse texto pela contemporaneidade do reerguimento do fascismo no Brasil e no mundo (mais que um ressurgimento – acredito que ele esteve sempre latente, nunca adormecido).
Boa leitura e comentem!
“O PLENÁRIO DAS REGIONAIS DA FEDERAÇÃO ANARQUISTA IBÉRICA, REUNIDO NOS DIAS 30 DE JANEIRO E 1 DE FEVEREIRO DE 1936, FRENTE À SITUAÇÃO ATUAL
Considerando a extrema gravidade do momento presente na Espanha, tanto pelas dificuldades econômicas e políticas internas, como por influência de repercussões da situação internacional e castigados pela experiência de outros e pela mesma lógica dos acontecimentos e das coisas;
Considerando que, pela magnitude do proletariado revolucionário na Espanha, existe para este uma responsabilidade maior do que em outros países, para qualquer eventualidade reacionária;
– que o fenômeno do fascismo, incorporado no Estado totalitário, é um sistema reacionário no qual as violências das ruas e os golpes bestiais da reação representam apenas um aspecto de um vasto complexo de idéias e aspirações liberticidas, que manifesta-se na supressão absoluta de todos os direitos de crítica e oposição de todo o pensamento livre, de toda a dignidade humana e também tende a persistir por alienar as crianças desde a primeira idade;
– que a reação fascista é resultado direto da falência do capitalismo e que não se pode resistir de forma mais eficaz no campo da supressão do capitalismo e do estabelecimento de um regime de vida que torna impossível as contradições monstruosas da economia do privilégio e do monopólio;
– que as experiências históricas mundiais evidenciaram a impotência e o engano da chamada democracia, suposta igualdade politica enxertada na mais irritante desigualdade econômica, para modificar a essência da ordem constituída;
as Federações regionais da Federação Anarquista Ibérica fixam sua posição como segue:
a) lamentam que as organizações de trabalhadores que tomaram em outubro de 1934, um caminho francamente revolucionário e proletário, se aliem com os partidos democráticos- burgueses para encontrar uma solução que não existe.
b) defendem a ruptura total do proletariado com todas as ilusões do Estado democrático, e sua atenção na solução dos problemas dos trabalhadores e camponeses, o que implica a posse da riqueza social e natural pelos próprios produtores;
c) sustentam que somente no mundo do trabalho, nos locais de produção, pode-se encontrar um remédio eficaz e definitivo contra todas as formas de reação.
Afirmam que o acordo dos produtores é possível nestas condições:
1. Exclusão dos locais de trabalho dos elementos filiados a organizações fascistas mediante ações conjuntas das centrais sindicais anticapitalistas.
2. Emprego do método insurrecional para a conquista da riqueza social usurpada por minorias privilegiadas, e sua administração pelos próprios trabalhadores.
3. Implementação de um sistema de vida, de trabalho e de consumo que atenda às necessidades comuns da população e não concorde com qualquer forma de exploração e dominação do homem pelo homem.
4. A defesa deste novo sistema não será feita por exércitos profissionais, nem policiais, mas confiada às mãos de todos os trabalhadores, sem que estes percam contato com seus locais de trabalho.
5. O respeito e a tolerância de diferentes concepções sociais proletárias e a garantia de sua livre expressão.
6. A luta contra o fascismo, um fenômeno internacional, deve ser realizada internacionalmente pelas organizações dos trabalhadores e revolucionários, com exclusão de toda ideia e de todo sentimento nacionalistas.
A F.A.I. EM RELAÇÃO ÀS ELEIÇÕES
Dada a gravidade do momento e da iminência das eleições, o Plenário das Regionais, para combater o confusionismo originado por políticos de todas as cores, marca sua posição revolucionária.
Ratificamos nossa posição antiparlamentar e, portanto antieleitoral, uma vez que os fatos mundiais, afirmando nossas previsões, demonstraram eloquentemente que todas as experiências democráticas fracassaram e que somente a intervenção direta dos trabalhadores nos problemas que o sistema capitalista os coloca, é valor de ofensiva e de defensiva contra a reação.
A F.A.I. não tem nada, então, que retificar de sua abstenção completa de qualquer colaboração direta e indireta a qualquer política de Estado.”
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